Para o militar, o adestramento e o preparo para atuar em situações de conflito é essencial. “O adestramento faz parte, porque vai garantir a vida do militar em uma missão real. Em um conflito, você precisa neutralizar a ameaça que está no meio do povo, sem causar efeitos colaterais. A ação tem que ser precisa. O adestramento é importante nesse aspecto”, explica Coronel Harryson.
O Tenente-Coronel Souza Cruz acredita que a dinâmica das operações tem proporcionado um aperfeiçoamento aos soldados nesta questão. “Houve um aumento no número de patrulhas realizadas pelo batalhão após a intervenção. Em um ano administrativo, fazemos em torno de 10 patrulhas por mês, fora o serviço. Com a intervenção, isso triplica. Em média, fazemos uma patrulha por dia. Além disso, uma das especialidades que tem sido empregada com frequência é a escolta de presos”, ressalta.
Segundo o comandante da 1ª Companhia de Polícia, Capitão Luciano Velôzo Gomes Pedrosa, apesar da rotina intensa, o adestramento e a ministração de novas instruções não podem ficar em segundo plano. Como comandante de companhia, segundo ele, ainda há o desafio de conciliar a parte administrativa e a operacional simultaneamente.
“Surge uma série de missões vindas do Comando Conjunto, mas as nossas obrigações diárias continuam existindo. A instrução na tropa exige um planejamento, e às vezes é difícil conciliar, porque recebemos missões a todo o momento, mas não deixamos de fazer as instruções. Sempre que possível, nós fazemos”, afirma.
Aprendendo a lutar
As instruções da Polícia do Exército não se limitam em atirar, progredir e controlar distúrbios. Saber se defender, como aprender técnicas de combate corpo a corpo, são algumas das habilidades que um policial do Exército deve ter. Em um estágio conduzido no 11º BPE, os soldados tiveram a oportunidade de serem instruídos pelo Shidoshi Ricardo Morganti, fundador do estilo de arte marcial Morganti Ju Jitsu, e sua equipe.
Com mais de 20 anos de experiência em instrução com equipes militares, Ricardo Morganti explica que o primeiro passo é trabalhar o conhecimento mínimo que um militar deve ter. "Primeiramente, trabalhamos com a base, para que eles aprendam a conduzir, a revistar, a fazer todo o trabalho que os soldados precisam fazer", conta.
Ainda, Morganti ressalta as peculiaridades existentes ao aplicar a tática de defesa pessoal na realidade do militar. "A tropa precisa ter as técnicas individuais alinhadas às técnicas em grupo. Depois disso, eles aprendem as técnicas que utilizam armas brancas. Lembrando que eles estão trabalhando com forças irregulares, então há necessidade de um trabalho em equipe focado nisso, visto que nós temos o uso proporcional da força, então cada vez se usa menos arma de fogo e cada vez mais se usa esse tipo de tática", explica.
Os cães também servem aqui. Empregados tanto em missões de apoio de segurança, quanto busca e apreensão de drogas, os animais passam por um adestramento contínuo. Até outubro deste ano, os cães foram utilizados 67 vezes em operações do batalhão.
“Outra peculiaridade do Rio de Janeiro, é que os cães não são utilizados somente para a busca e apreensão de drogas, como também para armamentos e munições. Eles precisam estar treinados para encontrar armas”, explica o Tenente-Coronel Souza Cruz.